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terça-feira, 19 de julho de 2011

Sexualidade no pós-parto

O período pós-parto reúne muitos acontecimentos ao mesmo tempo. A família cresce, adotamos uma nova rotina, passamos por transformações no nosso corpo e temos que nos adaptar a tudo isso de maneira imposta e rápida. Algumas mulheres se resumem a "dois peitos" no período do puerpério (fase pós parto). A vida gira em volta deles, sua atenção fica voltada para a amamentação. Manicure, hidratação no cabelo, massagens, fitness, shopping, descanso, só quando o bebê deixa, e olhe lá. Nem todo mundo tem uma babá de confiança ou um parente (a nossa mãe) para ajudar. A gente fica de licença no trabalho para a dedicação exclusiva ao bebê, mas o pai só tem direito a 5 dias, logo, não consegue participar tanto quanto gostaria ou deveria (acho que alguns até se beneficiam disso, pois tem pai que gosta de estar presente, chega junto, mas outros...). Eu escuto muitas reclamações de pacientes decepcionadas com o marido já desde a gravidez, piorando no puerpério. As reclamações vão desde falta de parceria até as questões sexuais.
Durante a gestação a natureza favorece a libido, mas depois, não. E isso pode gerar uma crise no relacionamento porque alguns homens não entendem e acham que a mulher perdeu o interesse neles, ou que está gostando de outra pessoa, ou tem ciúmes do bebê ou o pior, eles, às vezes, perdem o interesse na mulher.
Bom, esse afastamento sexual pode mesmo acontecer dos dois lados. Na mulher, os hormônios envolvidos na amamentação (prolactina) e também a progesterona diminuem mesmo o apetite sexual, pode haver ressecamento vaginal e aumento da sensibilidade genital aumentando a fragilização da mucosa. Além disso, há um conflito com a nova fase de vida, tudo novo, mesmo que não seja a primeira gravidez. Tem o medo de doer devido à cicatriz de cesárea ou episiotomia no parto normal, o sangramento pós parto que pode durar mais que o esperado e toda a questão psicológica e social envolvida como os sentimentos de medo, coragem, alegria, frustração.
Como disse, às vezes o homem perde o interesse momentâneo por se sentir inibido pela amamentação, em ter que dividir o seio materno, um órgão também sexual com o o bebê. Sem esquecer da fantasia de "mãe do meu filho", intocável, pura, santa.
É importante haver muita conversa entre o casal buscando apoio do outro, e saber que isso é transitório e fisiológico e comunicar ao médico para que ele lhe prescreva cremes vaginais a base de estrogênio que não passam para a corrente sanguínea, mas devolvem a lubrificação vaginal, tratando o ressecamento. Uma saída para o medo do retorno à atividade sexual é reiniciar com delicadeza, pela fragilidade da genitália, usar outras formas de prazer como a masturbação entre o casal até que se estabeleça confiança para a penetração vaginal.
O período para retorno à vida sexual? quando terminar o retorno do útero ao seu tamanho original, que pode durar 30-40 dias, período conhecido como resguardo.

O bom diálogo entre o casal, a informação a respeito dos acontecimentos no período pós parto e o uso de método contraceptivo adequado para esta fase são fundamentais para a saúde do casal.

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