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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Video-Laparoscopia

Em post anterior eu falei um pouco sobre histeroscopia. Continuando no assunto sobre Endoscopia Ginecológica, vou falar agora um pouquinho desta cirurgia, também minimamente invasiva chamada Video-Laparoscopia.
Ao invés de fazer um corte horizontal ou vertical (dependendo do caso)  no seu abdome, o médico consegue operar os órgãos internos da pelve através de pequenos orifícios na parede abdominal. Na maioria das cirurgias ginecológicas através desta técnica são feitos 3 ou 4 furinhos, sendo um deles dentro da cicatriz umbilical. Esta cirurgia proporciona melhor recuperação, menos dor, melhor estética, maior precisão ao operar estruturas delicadas, menos sangramento, menos complicações. "um corte grande no abdome gera mais dor que vários furinhos" diz a literatura, em outras palavras.
Com o instrumental disponível hoje em dia e o avanço nas técnicas cirúrgicas já é possível operar todos os órgãos abdominais pela videolaparoscopia. Poucas são as limitações. Há alguns anos não se imaginava operar um útero grande por laparoscopia, mas hoje esse conceito mudou graças à tecnologia. 
Assim como nos procedimentos video-histeroscópicos, é necessário treinamento de toda a equipe (cirurgiões, instrumentador) e equipamentos específicos (e caros) de uso permanente e descartáveis.  
Um armário com monitor, fonte de luz, aparelho para infusão e controle do gás (usado para distender a cavidade abdominal), câmera, aparelhos de documentação são indispensáveis, além da óptica e pinças especiais para a realização deste tipo de cirurgia. A paciente "beneficiada" por esta cirurgia nem imagina toda a aparelhagem que está por trás disso tudo. 
Por video-laparoscopia, o ginecologista é capaz de operar cistos/tumores nos ovários, trompas, realizar miomectomias (retirada de miomas), histerectomia (retirada do útero), tratamento de endometriose, lise de aderências, ligadura das trompas, correção de prolapsos genitais, correção de incontinência urinária. É possível fazer tudo que se faz numa cirurgia aberta, inclusive dar pontos nos órgãos. E tudo isso com uma visibilidade muito maior que a lente de aumento e fonte de luz proporcionam.

Esta cirurgia traz muitos benefícios aos pacientes, mas também pode ter complicações como em qualquer cirurgia, porém, são raras e dependem do grau de complexidade do procedimento. É claro que uma laparoscopia para tratar endometriose avançada, com múltiplas aderências e comprometimento de outros órgãos como o intestino ou a bexiga, estão mais expostos às complicações que uma cirurgia nas trompas. Uma histerectomia com útero apresentando muitas aderências é mais arriscada que a histerectomia de útero livre. Porém, em técnica aberta, estas complicações podem ser maiores. 

Ainda há espaço para as técnicas abertas, sempre haverá. Importante é o médico conhecer as contra-indicações, as limitações da técnica e as suas próprias limitações. Dependendo do procedimento a melhor técnica é aquela que o cirurgião tem maior intimidade em realizar. Exemplo: a retirada do útero pode ser feita por meio da laparotomia (barriga aberta), laparoscopia (furinhos no abdome) ou por via vaginal. Dependendo do caso, qualquer um destes meios está indicado. A recuperação da cirurgia vaginal também é excelente. neste caso é a experiência do cirurgião que indicará a via de escolha. 

foto do site "oncologiahoy". cirurgia laparoscópica




E agora, depois que o nosso cérebro se acostumou com a coordenação das mãos que não tocam diretamente nos órgãos e os olhos voltados para o monitor, inventam uma nova técnica, SINGLE PORT, que faz tudo isso através de um mesmo furo! Um novo treinamento cerebral se inicia e mais investimentos $$ em instrumentais adequados é = a mais benefícios para os pacientes. Ao ser apresentada à técnica pela primeira vez achei estranho fazer tudo por um furo só. Qual o tamanho deste furo? Quando vi o Trocater (instrumento com válvulas que dá a passagem das pinças para dentro do abdome) desta cirurgia, tomei um susto, pensei que fosse abrir uma cratera no umbigo, mas vendo com detalhes, entendi que estava enganada. Por isso coloquei um videozinho retirado do You Tube que mostra a introdução das pinças no abdome pela técnica Singue Port.


No dia 06 estarei num curso sobre este assunto. Depois conto para vocês como foi a experiência, tá? Já estou sentindo uma câimbra nos meus neurônios...