Para mulheres em qualquer fase da vida ou interessados no assunto, este blog foi criado para trazer atualizações e dicas sobre a saúde da mulher.
terça-feira, 6 de setembro de 2011
Xô TPM!
Amigas! Acabei de voltar de um congresso de ginecologia em São Paulo. Foi ótimo. Adoro ir a São Paulo. Além de participar de bons cursos, pude jantar em lugares agradáveis como a cantina Famiglia Mancini e ainda assisti ao musical "As Bruxas de Eastwick", uma comédia que eu super recomendo (mas pra quem gosta de musicais). Os dias estavam lindos, com céu azulzinho e um frio delicioso! No congresso, falou-se de diversos assuntos. Um deles é a síndrome pré-menstrual. Como ainda não havia feito um post sobre TPM, aqui está ele.
Quem pensa que TPM não existe ou é frescura está muito enganado. TPM existe e pode até deixar uma pessoa doente, mas tem tratamento. TPM é coisa de mulher, sim, mas não há necessidade de ter TPM para se sentir mulher, né?
Você sabia que cerca de 70% das mulheres tem TPM de forma branda? 10% das mulheres com TPM necessitam tratamento. Cerca de 5% delas apresentam sintomas neurológicos, a chamada síndrome disfórica.
Por que EU tenho TPM?
TPM tem haver com história familiar, por desequilíbrio hormonal e também tem causa psíquica.
TPM não é só ficar irritada perto de chegar a menstruação. Qualquer sintoma de irritabilidade, alterações do sono, compulsão alimentar, retenção de líquido, dor nas mamas, dor de cabeça, náuseas, alterações intestinais, depressão, mal estar, desânimo, cansaço, dor nas penas, ansiedade, alterações emocionais, vontade de "matar um", que se inicia dias entes de menstruar e termina quando chega a menstruação ou pouco antes dela ir embora, é TPM. Eu tenho pacientes que se queixam destes sintomas e ainda dizem que os sintomas duram o mês todo. Isso não é TPM. T= tensão, P= pré (aquilo que vem antes, antecede), M= menstruação. Logo, os sintomas começam na segunda fase do ciclo menstrual, logo após a ovulação e terminam com a menstruação. Já quem usa anticoncepcional que faz pausa de 1 semana entre as cartelas, pode ter TPM quando termina a cartela, pois o organismo percebe que você está no intervalo sem hormônios. Fora disso, não é TPM. Tenho pacientes que dizem que a irritabilidade ou a dor de cabeça começa ainda no final da cartela. Isso não é TPM. Mais uma coisa: quem não faz pausa no anticoncepcional, ficando sem menstruar, também não tem TPM. Tem gente que reclama que não menstruou porque não fez a pausa do anticoncepcional, mas que sentiu todos os sintomas e foi pior porque a menstruação não desceu, o que aliviaria. Isso, na verdade, não tem sentido, pois quem usa anticoncepcional, sangra nos intervalos porque o organismo sente falta do remédio e a alteração brusca de hormônios faz sangrar. Se não fez intervalo e não sangrou, não tem como ter TPM. É uma das poucas coisas em medicina que eu realmente digo que é psicológico.
Existem vários tratamentos para a TPM e a síndrome disfórica (forma mais grave). Vai desde a mudança de hábitos diários até medicamentos. A primeira coisa que você deve fazer é atividade física aeróbica, não só no período pré-menstrual. Outra coisa é não abusar de cafeína (refrigerante como a coca-cola, guaraná; café, chocolates, mates, chás), evitar gorduras. O fumo e o álcool podem piorar os sintomas da TPM, mas alguns alimentos podem evitar e até reduzir o quadro. São eles: cálcio (leite, queijo, iogurte, por exemplo), Vitamina D (leite, salmão, sardinha, óleo de fígado de peixe, cogumelo, ovos), Magnésio (folhas verde-escuras, granola, arroz integral, banana, beterraba, abacate), vitamina B6 (folhas escuras, batata, banana, salmão, atum, fígado, aveia, gérmen de trigo, amendoim, nozes, arroz integral), Vitamina E (cereais integrais, nozes, castanhas, azeite de oliva, azeitona, óleo de soja e de girassol, milho, gema de ovo, gérmen de trigo, agrião), água, ácidos graxos (pexe, atum, sardinha, salmão, óleo de soja azeite, rúcula, espinafre, linhaça, ômega 6 para controlar a oleosidade da pele (óleo de milho, de girassol, leite, ovos, lula), Zinco (vegetais escuros, carnes, leite, frutos do mar) e fibras (verduras, frutas, farelo de trigo, linhaça...).
Entre os tratamentos estão os anticoncepcionais sem pausa (claro, se não menstruar, não tem TPM), os anticoncepcionais com pausa curta entre as cartelas, principalmente os com drospirenona, pois mesmo quando a cartela termina este hormônio continua agindo por mais 33 horas. Quando o organismo sente a falta dele, já está na hora de iniciar nova cartela e não dá tempo de ter a TPM. Para quem não usa anticoncepcional, existem outras opções como medicamentos a base de ácido gamalinolênico, de piridoxina - vit B6), plantas como o vitex agnus castus, óleo de borago officinallis, óleo de prímula. Alguns diuréticos especiais também podem ser usados quando a queixa principal é o inchaço neste período. Nos quadros mais graves, como os da paciente que tem síndrome disfórica, o tratamento pode ser com uso de fluoxetina ou sertralina. Esses medicamentos são controlados, mas sem causar dependência e são utilizados para tratar muitas coisas. Tudo depende da dose utilizada. Estes medicamentos tem resultados excelentes! Quando a coisa é mais branda os anteriores resolvem muito bem, pena que não são medicamentos encontrados no SUS e não são muito baratinhos.
Portanto, meninas, se vocês sofrem com TPM, procurem tratamento e evitem um ato de violência. Se vocês tem vontade de matar o marido, por exemplo, esperem a menstruação ir embora para não tomarem nenhuma atitude por impulso. Mas se vocês querem muito matar o marido, aproveitem esta fase e usem isso como desculpa.
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